Deputado chora ao falar sobre violência contra crianças na primeira infância
Um fato inusitado chamou a atenção de quem participou da primeira reunião da Frente Parlamentar em Defesa da Primeira Infância, realizada nesta quinta-feira (02) pela manhã, na Assembleia Legislativa.
Já no momento da despedida, ao falar sobre a violência que são vítimas as crianças de 0 a 6 anos de idade, tema do encontro, o presidente da Frente, deputado estadual Bruno Lamas (PSB), ficou com a voz embargada e foi às lágrimas, surpreendendo os participantes do evento “Primeira Infância: Olhares e Desafios”.
“Agradecendo a presença de todos, de uma forma muito especial a quem saiu de casa e acordou cedo para vir aqui participar. Isso nos motiva. Eu também sou de carne e osso, movido à motivação. Tenho sensibilidade. Vocês não estão sozinhos. Estamos juntos, de mãos dadas, para fazer com que a primeira infância no nosso Estado seja referência nacional. E nós estamos caminhando para isso, pessoal”, declarou Bruno, para uma plateia formada em sua maioria por pessoas ligadas à área da assistência social.
Dentre as participantes estava a secretária de Estado do Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setades), Cyntia Grillo, que substituiu o próprio Bruno à frente da pasta na gestão do governador Renato Casagrande (PSB).
O deputado, que é o autor do Dia e da Semana Estadual da Primeira Infância, comemorado entre os dias 11 e 17 de julho, ficou emocionado ao lembrar dos crimes hediondos que são vítimas crianças indefesas.
“Eu sou pai de um casal de filhos, sonho com um Brasil melhor, oro por uma sociedade mais justa. Poderíamos aqui hoje mostrar duras imagens de crianças agredidas, sendo mortas, jogadas de carros, de mães e pais abandonando, mas não fizemos porque vocês já sabem que esta é uma dura realidade. Com a nossa resiliência, nosso coração, nosso trabalho, vamos mudar esta realidade”, pediu Bruno, visivelmente emocionado.
Para o deputado, o amor ao próximo está esfriando nos dias atuais. Ele fez um apelo para que as pessoas não deixem que, no lar, no trabalho e na vida, o amor esfrie.
“O amor ao próximo é bíblico. Que dirá para nossas crianças. Que Deus nos abençoe na nossa tarefa”, concluiu Bruno, que foi muito cumprimentado após o desabafo público, durante transmissão ao vivo da TV Assembleia.
MEDIDAS
Como medidas concretas, o presidente da Frente destacou que vai trabalhar junto aos municípios capixabas no fortalecimento de políticas públicas para as crianças de 0 a 6 anos de idade.
Ao conversar com gestores do Estado e de vários municípios, ele destacou que a Frente vai em busca de recursos públicos para fortalecer a capacitação dos profissionais que atuam na área.
Um dos focos, de acordo com Bruno, será incentivar a adesão ao Pacto Nacional pela Primeira Infância e a elaboração de acordos nos municípios.
“Vamos fazer essa mobilização por meio da Amunes (Associação dos Municípios do Espírito Santo). Além disso, também vamos dialogar com a Mesa Diretora da Casa para que a própria Assembleia Legislativa, como instituição, faça a adesão ao pacto. E vamos sugerir ao governo do Estado a elaboração de um edital específico para fomento dos planos municipais da primeira infância, para que os municípios possam ter condições orçamentárias e técnicas para fortalecer a área”, garantiu o parlamentar.
O objetivo do Pacto Nacional pela Primeira Infância é traçar um diagnóstico sobre a situação das crianças de 0 a 6 anos no País e capacitar os profissionais que atuam com esse público.
O pacto tem como base a Lei Federal 13.257/2016, legislação conhecida como Marco Legal da Primeira Infância, que cria programas específicos para o público-alvo, priorizando as políticas públicas para crianças nos primeiros anos de vida.
De acordo com a subsecretária de Estado de Articulação de Políticas Intersetoriais, Márlei Vieira Fernandes, uma das palestrantes, a lei é considerada um avanço para a área.
“Essa lei federal foi um avanço muito grande porque consolidou uma cultura do cuidado para com as crianças, um cuidado integrado, que envolve segurança, saúde, educação, assistência social, cultura, esporte, entre outros. Entendendo sempre que essa fase é fundamental para a formação do ser humano”, explicou a gestora.
Márlei também explicou como a primeira infância está sendo tratada no âmbito das políticas públicas estaduais.
“O Espírito Santo foi pioneiro ao criar a Lei Estadual da Primeira Infância (Lei 10.864/2018), que serviu, inclusive, de referência para outras unidades da federação. Já em 2021, o foco é a elaboração do Plano Estadual pela Primeira Infância”, explicou. Esse plano também será referência para que a política seja incorporada nos municípios.
A reunião contou ainda com a participação da doutora em Psicologia Clínica e Cultura Ivania Ghesti.
“Essa é uma fase fundamental para a formação do ser humano e é preciso garantir que seus direitos sejam plenos. O modo como cuidamos das crianças hoje reflete o modo como seremos cuidados no futuro”, ressaltou a psicóloga, lembrando que políticas públicas hoje podem reduzir gastos com presídios amanhã.
Assessoria Bruno Lamas
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